'Se existir justiça, que seja para confortar meu coração', diz mãe de pai de santo executado

A dona de casa Avani Souza de Jesus, de 50 anos, mãe do pai de santo Leandro Souza de Jesus, de 32 anos — mais conhecido como babalorixá Leandro de Agué —, disse que o filho não estava sofrendo ameaças. Na manhã desta quinta-feira, ela foi ao Instituto Médico-Legal (IML) de Nova Iguaçu para fazer a liberação do corpo e pediu justiça. Leandro foi executado na noite desta quarta-feira, pouco depois das 22h.

— Se existir justiça, que seja feita para confortar o coração de uma mãe. Quando o filho está numa vida errada, a gente já espera por isso. Mas não era o caso dele — desabafou a mulher, que estava no IML acompanhada do outro filho, Leonardo.

Avani não acredita que o crime tenha sido motivado por rixa e acredita mais na possibilidade em vingança de alguém insatisfeito com o resultado de um trabalho, ou até mesmo homofobia e intolerância religiosa. Católica, não praticante, a mãe de Leandro não frequentava o terreiro, mas disse que respeitava a fé do filho.

Leandro deixa um filho de 13 anos que, segundo a avó, está inconformado com o crime. Ela contou que o adolescente ficou tão abalado que precisou de atendimento com psicólogo. A família não tem recursos para o sepultamento e deve pedir ajuda à prefeitura. O local e o horário do enterro ainda não foram definidos.

Leandro Souza de Jesus foi executado durante uma reunião em seu terreiro

Testemunha relata pânico em terreiro

Uma testemunha relatou o pânico que tomou conta do terreiro de candomblé na Rua das Marrecas, no bairro Nova Brasília, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, no momento em que o pai de santo foi executado. De acordo com ele, que ficou em pânico, havia cerca de 50 pessoas participando de uma cerimônia religiosa no local.

— Fiquei sem saber o que fazer. Só queria tirar o meu povo daqui e não conseguia. Poucos escutavam eu falando "corre". Foi horrível — contou um dos membros do terreiro, acrescentando que inicialmente todos pensaram se tratar de assalto.

Segundo ele, após o crime, os criminosos passaram de novo em frente ao terreiro, para conferir o serviço, mas não chegaram a descer da moto. A testemunha contou que o babalorixá era uma pessoa querida e também não acredita na hipótese de rixa, levantada pela polícia. Porém, admitiu ter ficado claro que o alvo era o pai de santo.

O chão do terreiro ainda tem manchas de sangue

Outras pessoas que estavam no local contaram que os dois homens vestidos de preto e não tiraram os capacetes, o que dificulta a identificação deles. Um dos bandidos deu um tiro para o alto para dispersar as pessoas, de acordo com um relato feito a policiais do 20º BPM (Mesquita). Depois, eles se aproximaram do religioso e dispararam pelo menos cinco tiros. Leandro estava perto dos atabaques.

Os disparos, segundo as mesmas testemunhas, foram à queima-roupa, atingindo a cabeça e as costas.

— Após a execução, o atirador saiu caminhando tranquilamente, subiu na moto, deu uma volta e retornou para o confere — disse uma testemunha.

O babalorixá ainda estava montando o terreiro — de madeira, palha e chão de terra — para onde se mudou há pouco mais de um mês. Ele morava num quarto de madeira, nos fundos. Nesta manhã integrantes do terreiro limpavam o sangue da vítima que ainda estava no local.

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) está investigando a morte.

Fonte: Extra

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